fix mistake with articles

This commit is contained in:
Filipe Medeiros 2024-04-15 15:02:26 +02:00
parent bbb910ce4f
commit 5507cbacfe
Signed by: filipe
GPG Key ID: 9533BD5467CC1E78
4 changed files with 74 additions and 13 deletions

View File

@ -1,3 +1,3 @@
{
"workbench.colorTheme": "Halcyon"
"workbench.colorTheme": "Paper Contrast"
}

BIN
bun.lockb

Binary file not shown.

View File

@ -0,0 +1,24 @@
---
title: A beleza da palavra escrita
summary: >
Um desabafo sobre texto, escrita e um dos meus sonhos: escrever um livro.
slug: a-beleza-da-palavra-escrita
publishDate: 2024-04-05
linkPreview:
image:
path: /src/assets/blog/link-preview-images/a-beleza-da-palavra-escrita_link-preview-image.jpeg
altText: >
Livro aberto, escrito em inglês, com uma pequena planta verde em cima das folhas de papel do livro.
---
Depois de sair do metro, a caminho de casa, pus-me a pensar no livro que vinha a ler, _Adults in the room_ escrito pelo brilhante Yanis Varoufakis. Enquanto passeava pelo parque, via patos, gaivotas, pessoas, cães, mas a minha mente não saía do mesmo lugar: o quão valiosa é a palavra escrita. Sempre quis ser uma daquelas pessoas que consegue escrever sobre qualquer tópico da maneira mais elegante, tornar assuntos aborrecidos ou técnicos numa série de palavras e frases que dê prazer de ler.
O meu pai foi jornalista de profissão. Penso que sempre será jornalista de coração. Ao logno da minha infância ouvia-o pregar a importância da subtileza na escrita. A parte de um texto que não é ciência, mas arte. Transmitir mensagens, e acima de tudo emoções, através do texto, ensinou-me ele, é um jogo constante entre cumprir as regras da língua escrita e quebrá-las da forma certa. Penso que o seio onde ele se formou o ajudou muito a ganhar a enorme sensiblidade que é preciso para ser mestre nessa arte. Ali, no coração de um jornal desportivo, constatar factos não basta. É preciso, acima de tudo, escrever um estória. E uma bem contada.
Assim, enquanto escrevo este desabafo, ao mesmo tempo que o leio, lembro-me das discussões que tinha com o meu pai quando ele revia algum texto meu. E também da diferença que sentia quando lia (e leio) os seus textos. Talvez se tivesse dado um pouco mais de carinho aos seus conselhos, hoje os meus textos poderiam ser menos uma versão prosaica dos meus trabalhos de programação, e mais como os dele, estórias bem contadas.
Por isto, tenho inveja do Yanis. Ler este seu livro inspira-me para escrever melhor. Não será por acaso que este pequeno artigo nasceu hoje. Espero um dia conseguir transmitir o que me vai dentro da alma para um livro. Imagino-o de capa dura, azul-escura, quase como um manual de uma faculdade de direito, com poucos enfeites. Para uma capa destas, só é digno um livro extraordinário, por isso não preciso ter pressa, porque não acredito que o consigo escrever amanhã. Um dia, se tudo correr bem.
No último livro que terminei, "Sputnik, meu amor" do Murakami, uma das personagens quer ser escritora. Deixa tudo para trás para seguir esse seu sonho. Mas os meses passam, e sente-se frustrada por não encontrar satisfação em nada do que escreve. Sente constantemente que algo lhe falta, capacidade de terminar uma obra da qual se possa orgulhar, mesmo derramando para o papel todos os pensamentos que lhe passam pela cabeça. Até que um dia se cruza com uma pessoa que lhe diz "Tem calma. Uma pessoa só tem algo para escrever depois de o viver. Vive primeiro; o tempo de escrever virá mais tarde." Estas palavras dão-me consolo. Um pouco ingénuo, talvez, mas vejo-me no futuro, sentado a uma secretária, enquanto as palavras fluem. Depois de viver. Agora é tempo de viver.
Por hoje, deixo aqui um pensamento. Depois de escritas e partilhadas com o mundo, as palavras têm uma beleza especial: são de todas as pessoas. Deixam de pertencer a quem as escreveu e passam a ser de quem as lê, de quem as descobre. Conhecimento, sentimentos, experiências, descrições, formando parte da nossa consciência coletiva. Como grande apologista de código grátis de fonte aberta, tenho um ponto fraco pela partilha livre de informação. Penso que partilhar nos beneficia; tanto a quem dá, como a quem recebe. E no fim do dia, um texto escrito e partilhado não é mais do que uma oferta que fazemos ao resto da humanidade.

View File

@ -1,24 +1,61 @@
---
title: A beleza da palavra escrita
title: O fediverso é parecido às outras redes sociais
subtitle: >
Infelizmente, o fediverso, tal como todas as outras redes
sociais que vieram antes, sofre de macanismos parecidos
que nos prendem lá. Hoje quase apaguei a minha conta.
slug: o-fediverso-e-parecido-as-outras-redes-sociais
summary: >
Um desabafo sobre texto, escrita e um dos meus sonhos: escrever um livro.
slug: a-beleza-da-palavra-escrita
publishDate: 2024-04-05
Infelizmente, o fediverso, tal como todas as outras redes
sociais que vieram antes, sofre de macanismos parecidos
que nos prendem lá. Hoje quase apaguei a minha conta.
publishDate: 2024-04-01
linkPreview:
image:
path: /src/assets/blog/link-preview-images/a-beleza-da-palavra-escrita_link-preview-image.jpeg
path: /src/assets/blog/link-preview-images/o-fediverso-e-parecido-as-outras-redes-sociais_link-preview-image.jpg
altText: >
Livro aberto, escrito em inglês, com uma pequena planta verde em cima das folhas de papel do livro.
Uma pessoa, da qual apenas se vêm as duas mãos, a segurar
num telemóvel enquanto navega numa rede social, sentada a uma
secretária. A câmara está entre o peito da pessoa e o telemóvel.
---
Depois de sair do metro, a caminho de casa, pus-me a pensar no livro que vinha a ler, _Adults in the room_ escrito pelo brilhante Yanis Varoufakis. Enquanto passeava pelo parque, via patos, gaivotas, pessoas, cães, mas a minha mente não saía do mesmo lugar: o quão valiosa é a palavra escrita. Sempre quis ser uma daquelas pessoas que consegue escrever sobre qualquer tópico da maneira mais elegante, tornar assuntos aborrecidos ou técnicos numa série de palavras e frases que dê prazer de ler.
Se me conhecerem, ou se já leram o resto deste meu _website_, devem saber que gosto de tecnologia.
Adoro programar e construir coisas com código é o meu escape criativo principal.
Mas também devem saber que me oponho bastante a redes sociais.
Não tenho Instagram, Facebook, TikTok, nem nenhuma outra das grandes plataformas, nem mesmo LinkedIn, apesar de ter medo de um dia arrepender-me.
Mas tenho uma rede social: uma conta no fediverso.
Aquele _link_ no fundo da página que diz "Fediverso" leva-vos para a minha conta pessoal
na rede social federada à qual costumamos chamar de [fediverso](https://pt.wikipedia.org/wiki/Fediverse).
O meu pai foi jornalista de profissão. Penso que sempre será jornalista de coração. Ao logno da minha infância ouvia-o pregar a importância da subtileza na escrita. A parte de um texto que não é ciência, mas arte. Transmitir mensagens, e acima de tudo emoções, através do texto, ensinou-me ele, é um jogo constante entre cumprir as regras da língua escrita e quebrá-las da forma certa. Penso que o seio onde ele se formou o ajudou muito a ganhar a enorme sensiblidade que é preciso para ser mestre nessa arte. Ali, no coração de um jornal desportivo, constatar factos não basta. É preciso, acima de tudo, escrever um estória. E uma bem contada.
Podem seguir o _link_ da Wikipedia acima para saber mais, mas, resumindo, o fediverso é um conjunto de redes sociais federadas, o que significa que conseguem "falar" umas com as outras, mesmo que pertençam a empresas diferentes, ou tenham sido criadas por pessoas diferentes!
O fediverso é composto por muitas pessoas e organizações que, normalmente, são contra as redes sociais tradicionais, e uma das coisas mais importantes acerca deste novo tipo de rede social é que há uma forte vontade por parte de tod@s de nunca explorar os dados das pessoas (com a vigilância constante a que estamos sujeit@s nas outras plataformas) e também uma grande aversão a algoritmos de sugestão, com o do Youtube, cujo o único propósito é agarrar a pessoa o máximo tempo possível ao ecrã.
É fácil entender porquê: se não houver publicidade nem algo a ser vendido, então o incentivo para manipular as pessoas a ficar horas coladas ao ecrã desaparece quase por completo.
Assim, enquanto escrevo este desabafo, ao mesmo tempo que o leio, lembro-me das discussões que tinha com o meu pai quando ele revia algum texto meu. E também da diferença que sentia quando lia (e leio) os seus textos. Talvez se tivesse dado um pouco mais de carinho aos seus conselhos, hoje os meus textos poderiam ser menos uma versão prosaica dos meus trabalhos de programação, e mais como os dele, estórias bem contadas.
Todas estas coisas levaram-me a olhar para o fediverso, e a conta que lá tenho, de forma diferente de como vejo o resto das redes.
Achava que era mais "culta" ou mais "útil".
Mas hoje de manhã, uma amiga minha disse-me "É bastante irónico como é que tu reclamas tanto com redes sociais, mas mesmo assim passas tanto tempo nessas tuas redes socias estranhas, tipo o Mastodon".
Ela também se referia ao [Matrix](https://matrix.org), onde tenho uma conta.
O meu primeiro instinto foi dizer o que pensava genuinamente: "O Matrix é para "trabalho"! Mas tens razão que também passo muito tempo no Mastodon..."
(Já agora, a minha conta no fediverso não é no [Mastodon](https://joinmastodon.org), mas sim num servidor pessoal de [GoToSocial](https://gotosocial.org), mas as pessoas conhecem melhor o nome Mastodon.)
Por isto, tenho inveja do Yanis. Ler este seu livro inspira-me para escrever melhor. Não será por acaso que este pequeno artigo nasceu hoje. Espero um dia conseguir transmitir o que me vai dentro da alma para um livro. Imagino-o de capa dura, azul-escura, quase como um manual de uma faculdade de direito, com poucos enfeites. Para uma capa destas, só é digno um livro extraordinário, por isso não preciso ter pressa, porque não acredito que o consigo escrever amanhã. Um dia, se tudo correr bem.
Então comecei a pensar para mim o quanto isso era verdade.
Antes, o meu subconsciente dizia que por eu usar um rede social "ética", estava a salvo de passar demasiado tempo lá, ver conteúdo inútil para mim, etc.
E, sendo verdade que passo lá menos tempo que muitas pessoas passam no Instagram, quando fui à minha lista de contas que seguia, vi várias contas que seguia só para que o meu _feed_ tivesse sempre conteúdo novo.
Porque não interessa se o conteúdo é culto ou não, só com conteúdo constantemente novo é que tinha algo que me agarra a atenção e me dava os disparos de dopamina.
No último livro que terminei, "Sputnik, meu amor" do Murakami, uma das personagens quer ser escritora. Deixa tudo para trás para seguir esse seu sonho. Mas os meses passam, e sente-se frustrada por não encontrar satisfação em nada do que escreve. Sente constantemente que algo lhe falta, capacidade de terminar uma obra da qual se possa orgulhar, mesmo derramando para o papel todos os pensamentos que lhe passam pela cabeça. Até que um dia se cruza com uma pessoa que lhe diz "Tem calma. Uma pessoa só tem algo para escrever depois de o viver. Vive primeiro; o tempo de escrever virá mais tarde." Estas palavras dão-me consolo. Um pouco ingénuo, talvez, mas vejo-me no futuro, sentado a uma secretária, enquanto as palavras fluem. Depois de viver. Agora é tempo de viver.
Tudo isto fica ainda pior porque nenhum dos meus amig@s ou família está no fediverso (infelizmente), por isso apenas seguia página de notícias, cientistas, etc.
E estar viciado a abrir o Instagram de cinco em cinco minutos é tão mau como estar viciado em abrir as notícias de cinco em cinco minutos, principalmente quando as notícias são constantemente más, nos dias de hoje.
Por hoje, deixo aqui um pensamento. Depois de escritas e partilhadas com o mundo, as palavras têm uma beleza especial: são de todas as pessoas. Deixam de pertencer a quem as escreveu e passam a ser de quem as lê, de quem as descobre. Conhecimento, sentimentos, experiências, descrições, formando parte da nossa consciência coletiva. Como grande apologista de código grátis de fonte aberta, tenho um ponto fraco pela partilha livre de informação. Penso que partilhar nos beneficia; tanto a quem dá, como a quem recebe. E no fim do dia, um texto escrito e partilhado não é mais do que uma oferta que fazemos ao resto da humanidade.
Então decidi fazer uma limpeza.
Agora sigo 0 contas.
Isto vem também depois de tornar o meu telemóvel muito mais "burro". Já nem tem um _browser_.
Agora é basicamente o que os telemóveis sempre deveriam ter sido: uma máquina para falar com outras pessoas (chamadas e mensagens) e, claro, fazer algumas coisas super úteis como servir de mapa ou iPod (uso o Tidal e o Bandcamp).
É impossível eu usar o telemóvel para ler notícias, ir a redes sociais, ou o que quer que seja.
Se quiser fazer essas coisas, tenho de ir ao computador.
Vamos ver como corre.
Uma coisa eu sei: achava que no fediverso estava a salvo das armadilhas das redes sociais, mas esqueci-me que elas só jogam com os mecanismos que tod@s temos na mente e na vida.
A única coisa que me liberta de estar preso ao ecrã é querer viver a vida fora dele. Livros, Natureza, relações com pessoas, desporto, todas essas coisas.
Vou dar o meu melhor para que tudo isso seja o centro da minha vida.